sexta-feira, 8 de agosto de 2008

Porque o meu silêncio sempre grita.


























É engraçado como algumas pessoas acabam sempre desviando dos assuntos que as preocupam por medo de enfrentá-los. Descobrimos que prestamos atenção nas pessoas. Que não prestamos atenção em nós mesmos. É tanta coisa pra ver, pra ler, pra sentir que quase sempre optamos pelo mais fácil, pelo mais cômodo. Descobrimos de que deixamos de nos descobrir a algum tempo e que acabamos sempre nos preocupando com coisas que não são tão importantes. Porque se deixarmos a vida sequir seu rumo sem nos interessar-mos no nosso peso; nas nossas rugas; nas pessoas que conhecemos; nos lugares que ainda não fomos, vamos acabar por não nos preocupando com a gordura porque ela não vai existir e vamos acabar nos lugares em que sempre desejamos.
Descobre-se, alguns tarde demais, que vícios servem apenas para nos distrair do que é imprescindível. E há quem termine por se distrair do mundo.
Mas as melhores coisas se descobre com as pequenas experiências; acabamos ouvindo sozinhos, no fim do dia, de madrugada, bem nequela confortável solidão pós-banho que o silêncio não é ruim, que ele acalma. Porque ele já não está sozinho, ele agora tem uma companhia: as batidas do seu coração.
Fico imaginando dentro de mim, se a fumaça que ainda resta nos pulmões serviria para fechar os meus ouvidos de verdades que preferia não ouvir, de palavras que preferia não falar. E se a fumaça fechasse os meus olhos para não ver que o silência em mim gritava e queria sair. E lembro que a verdade é sempre desaforada.
E é nessa solidão pós-banho que vejo que a tranquilidade que se escondia agora está fora, mas ainda mantém a serenidade interna. Porque o meu silêncio sempre grita.

3 comentários:

Unknown disse...

Para que nao se hajam duvidas.
Sensivel e consciente.

Lawrence W. Bordignon disse...

Sim, as vezes meu silêncio também grita aos meus ouvidos. Sai da minha Mãe consciência. Pede para que eu veja, sem sucesso.

A vida passa, eu esqueço do que o silêncio falava.

Então, vem o Universo. Este grande, como chamam as religiões, Pai. Um pai não tem tanta paciência quanto uma mãe. Mesmo falando, fura os meus tímpanos, e repete o que o silêncio me havia dito.

É, deveria ter escutado o silêncio. Assim, não sentiria dor.

Parabéns por tê-lo feito.

Janaina C. de Oliveira disse...

O silêncio tem me perseguido o tempo todo, mas estou sempre fugindo para não escutá-lo.
Ainda que eu tenha a comodidade de alguém sempre me lembrar que preciso escutar os gritos que o silêncio me dá, acabo sempre esquecendo de prestar atenção, isso faz com que os gritos se tornem meros sussuros.

Adorei o texto, assim como o último, me fez refletir(o que já é uma grande coisa...rs).
Beijos