quinta-feira, 14 de agosto de 2008

Bem vindo à casa de bonecas.






Aprendi a amar as pessoas. Amar a todas as pessoas... as vezes penso que o amor que existe em mim é tão grande que mal posso suportar. Me deixa triste que essas pessoas que tanto amo construam em volta de sí próprias paredes de vidro impenetráveis. Do alto de suas torres de marfim, por um medinho ridículo de deixar-se corromper pelo amor, ou ainda, por medo de mostrarem que não têm nada, que são vazias. Zumbis que Fingem se importar, fingem fazer, fazer algo de humano, fingem amar quando na verdade apenas querem "ter" e o ter não é amar o ter é não dividir, não se importar. É realmente constrangedor quando se tenta partir em padaços esse vidro e somos puxados de volta ao nosso lugar, sentados desconfortavelmente como crianças que fazem arte, como quem esbarra numa prateleira de uma loja de cristais somos repreendidos por em vão tentar ter uma relação livre com o mundo.
Quero aprender de uma vez por todas que é "necessário estudar a natureza dos outros antes de dar livre curso a nossa". Quero saber que as pessoas podem ser más.
Talvez eu esteja sendo um pouco drástico demais, um pouco humano demais, um pouco cretino demais. Mas na atual "sociedade contemporânea" não há lugar para o conjunto, não há lugar para o amor. As pessoas construiram ilhas ao seu redor. E até PSEUDO artistas, que se dizem intelectuais por fomação, acreditando piamente que têm uma visão maior do mundo por estarem "à margem da civilização", não fazem mais do que manter um status ou mesmo manter as aparências fingindo se importar com o que nem sabem que existe, com o que só ouviram falar.Mantendo-se à par de tudo.
Eu não quero mais amar! Eu não quero mais sentir dor pelo outro, sentir tristeza pelo outro. Quero devolver o dom que recebi de me pôr no lugar dos outros. Quero não ser tão íntimo, não achar que já sou de casa, não fechar mais a geladeira com o pé. Só quero que "essas pessoas da sala de jantar" se ocupem de nascer e morrer sem mim. Porque no fim tudo párece ser de mentira. No fim tudo é calculado, tudo é contido, regulado, analizado. Para tudo deve-se fazer um prévio estudo. Antes de falar, de perguntar, de levantar, de olhar. É como se estivéssimos num grande "Show de Truman" ou em um grande palco onde TODOS querem ser os 1ºs atores e por isso se acotovelam na fila. Fico sem saber o que é verdade, se existe verdade, se existe algo de real. Porque para mim, estamos vivendo numa casa de bonecas. Não devemos comer, dormir, sentir e onde os nossos móveis de plástico nunca envelhecem, assim como nossos olhos de vidro, nossos cabelos de fibra, nossas roupas de nilon e nosso corpinho de silicone. Bem vindo ao mundo do faz-de-conta.

Um comentário:

Lawrence W. Bordignon disse...

A primeira vista, o mundo moderno realmente é falso. Ou melhor, sempre foi. Quilos de maquiagem, enchimentos, tecidos, perucas e máscaras do século XIX foram colocados, neste XXI, embaixo da pele das pessoas.

A originalidade também nunca existiu. Acho q já falei disso. hehehe

Mas tem uma coisa que existe de verdade. O Amor! Todos sentem, só não sabe muito bem o que fazer com ele. Por isso criam essas máscaras que te revoltam.

Já eu, prefiro focar minha força na análise, não no repúdio. Se coloco uma pessoa plastificada, acetinada, asséptica sob o microscópico, vejo que a máscara não está impregnada à pele, e que essa máscara só serve pra defender a criança lá atrás.