sexta-feira, 15 de agosto de 2008

Mau-humor Olímpico!!



















Resolvi, tomar uma atitude drástica. Tirei as costinas escuras do meu quarto, entendendo que tudo deve ser um ciclo, acredito que o ciclo da escuridão já tenha tarminado. No lugar coloquei um linda cortina de voil branca- mais para creme agora- que deixa a luz entrar assim que aparece no céu.
Que merda, acordei hoje as 08:00 horas da manhã com uma claridade irritantemente linda, me dizia que era preciso levantar, mas eu persisti. Tentando reestabelecer a calma e a paz de espírito matinal, cobri-me acima da cabeça e ainda debaixo das cobertas tateava, tentando achar o controle remoto da televisão para calá-la antes que a jogasse pela janela. O despertar da TV me lembrava que do outro lado do mundo acontecia um evento que a muito tempo tinha um grande significado para a humanidade. Em Olímpia parava-se de guerrerar, atenienses e espartanos se encontravam para celebrar o corpo e a paz nos jogos que mais tarde ficaram conhecidos como Olimpíadas. O que hoje não passa de uma competição entre o países para ver quem é o melhor, quem investe mais para saber quem é o melhor. Uma gama de atletas dopados que perderam a gosto pelo esporte em sí, perderam a noção de prazer, que ele deveria significar. Agora o que têm no lugar são apenas resultados. Devem ser os melhores: conquistar medalhas, treinar exaustivamente, sentir dores horríveis, danificar músculos; tendões; articulações. Para quem sabe voltar ao seio de sua pátria como heróis.
O povo precisa de heróis, mas os heróis de hoje devem ser fortes, melhores que os outros e vazios. Ou até nem precisam ser fortes podem ser celebridades que são famosas por serem famosas. Porque não importa se ele mal sabe ler, conjugar um verbo, se ele sabe quem é o ministro da educação. O povo precisa alguém para emanar suas últimas súplicas de ajuda revertidas em esquecimento. E para onde voltam suas atenções para esquecer que a luz não foi paga, que o preço do feijão subiu, que os cinco filhos já não tem o que comer. Esse povo calejado, forte, mas preguiçoso; cansou de lutar. Abandonou as armas, deixando todo o trabalho pesado que acaba por não ser feito por ninguém. Podendo ser um atleta, um político, um pastor ou quem quer que lhe ofereça algum futuro em troca de sua inércia e de sua alma. Os nossos heróis são qualquer um que ofereça alguma perspectiva de vida.
É preciso amar os heróis sim, é preciso que um povo tenha em quem acreditar; no que acreditar. Mas é preciso mais ainda que esse mesmo povo que acedita possa sonhar, exigir, gritar. Que os nossos heróis não sejam apenas a esperança de um prato de comida. Que os nossos heróis sejam bravos, fortes, inteligentes, independentes. Que sejam pais, mães, filhos, avós, políticos, professores. Que nós sejamos nossos próprios heróis. Caso contrário estaremos todos indo de encontro ao salvador que não pode fazer nada. Ou sentamos e ficamos olhando para a televisão esperando os nossos super -heróis mudarem alguma coisa.