sexta-feira, 29 de agosto de 2008

Tea for two ...


O som da água fervente me avisa que está na hora arrumar a mesa, pois a visita pode chegar a qualquer momento. Arrumo o serviço de chá na mesinha de centro da sala. Sobre uma toalha de renda branca feita por minhas mãos já cansadas e enrrugadas, pratinhos com motivos bem bucólicos iguais aos da chícara, do bule, do açucareiro...
Um cheiro doce de bolo de fubá toma toda a casa e se mistura ao aroma de amenteigados que passei a manhã e um pedaço da tarde fazendo. E a visita ainda não chegou. Vou para a cozinha coloco dez saquinhos de chá numa jarra. Saquinhos de chá de camomila, o preferido de meu convidado. E o convidado ainda não chegou.
Pronto. A mesa de centro da sala, com a toalha de renda branca, com aparelho de chá que ganhei dos meus filhos no meu aniversário de 50 anos de casamento está posta. Está com o bolo, os amenteigados, e a jarra de chá. E o convidado ainda não chegou. Não entendo, já são quatro da tarde, e o convidado ainda não chegou?
Aproveito o suposto atrazo para ir ao quarto e me trocar, pois não quero receber meu convidado com esta roupa cheia de farinha. Volto para a sala e já são quatro e meia, e o convidado ainda não chegou.
Me sento na sala decorada por mim. Um sofa grande, onde cabiam todos os meus filhos. ao lado uma mesa com vários retratos de família momentos que certamente nunca voltarei a ter. Olho para o relógio e já são cinco horas. Cinco horas!! Sorte eu não ser britânica!!!
Cinco e quinze, e o convidado ainda não chegou ... Decido então começar a comer sem ele, afinal de contas acho um desperdício ter que esquentar o chá novamente depois que ele chegar. Como um pedaço de bolo e alguns biscoitos enquanto tomo o chá! Cinco e meia e o convidado ainda não chegou.
Depois de terminar a refeição, recolho o que sobrou do bolo, junto com o que sobrou dos biscoitos e guardo no forno. Retiro e lavo a minha xícara, o píres, a jarra, e as colherinhas. Da cozinha vejo sala; e sobre a mesa de centro com a toalha rendada banhada pela luz de mais um fim de tarde igual está as xícara vazia do convidado que não veio.

domingo, 17 de agosto de 2008

Domingo ...



Então... na falta de programa melhor para fazer em uma tarde de domingo de sol, resolvi não fazer nada. Apenas me jogar no sofá, zapear no controle remoto alguma opção de diversão passiva e paga. Relembrar a infância em segredo, e quando indagado sobre o motivo de estra pensativo, repondo - Não é nada. Rlembrar, analizar pensar nos fatos do passado , nas esperiências anteriores que por hora parecem amergir como submarinos da extinta União Soviética. As lembranças ao contrário do que muitos pensam podem ser mudadas, não me perguntem como, para a que nos convém melhor, podemos controlá-las. Reestabelecer os vínculos com o passado é sempre um exercício de paciência e as lembranças sempre são caprichosas no que diz repeito nossa vontade.

Lembrar-se. Ler-se, como um livro que foi fechado a alguns anos e está meio empoeirado , mas ainda guarda todas as informações. Informações que se forem bem usadas podem significar algo de importante no futuro. Porque tudo tem uma ligação, tudo é um emaranhado de informações, fatos e acontecimentos que se relacionam que interferem um futuro próximo. E aquela coisa todo de "seus atos interferem os futuros e os dos outros" .

As memórias infantis são as melhores que se pode ter. Com elas podemos ter a a plena convicção de que a vida pode ser linda, pode ser intensamente divertida. O que acontece é que perdemos o costume de relacionar-mos com essa criança que mataram dentro de nós. Nós a matamos. e estamos dia-a-dia nos transfomando em adultos cada vez mais ridículos. Que tem medo de brincar, medo de ser infantis, medo de dar risada.

Ai...

derrepente perdi a inspiração... Afinal é domingo a noite. Na minha cabeça se passa a lista coisas que vou fazer durante a semana. É um novo início todos os dias.

sexta-feira, 15 de agosto de 2008

Mau-humor Olímpico!!



















Resolvi, tomar uma atitude drástica. Tirei as costinas escuras do meu quarto, entendendo que tudo deve ser um ciclo, acredito que o ciclo da escuridão já tenha tarminado. No lugar coloquei um linda cortina de voil branca- mais para creme agora- que deixa a luz entrar assim que aparece no céu.
Que merda, acordei hoje as 08:00 horas da manhã com uma claridade irritantemente linda, me dizia que era preciso levantar, mas eu persisti. Tentando reestabelecer a calma e a paz de espírito matinal, cobri-me acima da cabeça e ainda debaixo das cobertas tateava, tentando achar o controle remoto da televisão para calá-la antes que a jogasse pela janela. O despertar da TV me lembrava que do outro lado do mundo acontecia um evento que a muito tempo tinha um grande significado para a humanidade. Em Olímpia parava-se de guerrerar, atenienses e espartanos se encontravam para celebrar o corpo e a paz nos jogos que mais tarde ficaram conhecidos como Olimpíadas. O que hoje não passa de uma competição entre o países para ver quem é o melhor, quem investe mais para saber quem é o melhor. Uma gama de atletas dopados que perderam a gosto pelo esporte em sí, perderam a noção de prazer, que ele deveria significar. Agora o que têm no lugar são apenas resultados. Devem ser os melhores: conquistar medalhas, treinar exaustivamente, sentir dores horríveis, danificar músculos; tendões; articulações. Para quem sabe voltar ao seio de sua pátria como heróis.
O povo precisa de heróis, mas os heróis de hoje devem ser fortes, melhores que os outros e vazios. Ou até nem precisam ser fortes podem ser celebridades que são famosas por serem famosas. Porque não importa se ele mal sabe ler, conjugar um verbo, se ele sabe quem é o ministro da educação. O povo precisa alguém para emanar suas últimas súplicas de ajuda revertidas em esquecimento. E para onde voltam suas atenções para esquecer que a luz não foi paga, que o preço do feijão subiu, que os cinco filhos já não tem o que comer. Esse povo calejado, forte, mas preguiçoso; cansou de lutar. Abandonou as armas, deixando todo o trabalho pesado que acaba por não ser feito por ninguém. Podendo ser um atleta, um político, um pastor ou quem quer que lhe ofereça algum futuro em troca de sua inércia e de sua alma. Os nossos heróis são qualquer um que ofereça alguma perspectiva de vida.
É preciso amar os heróis sim, é preciso que um povo tenha em quem acreditar; no que acreditar. Mas é preciso mais ainda que esse mesmo povo que acedita possa sonhar, exigir, gritar. Que os nossos heróis não sejam apenas a esperança de um prato de comida. Que os nossos heróis sejam bravos, fortes, inteligentes, independentes. Que sejam pais, mães, filhos, avós, políticos, professores. Que nós sejamos nossos próprios heróis. Caso contrário estaremos todos indo de encontro ao salvador que não pode fazer nada. Ou sentamos e ficamos olhando para a televisão esperando os nossos super -heróis mudarem alguma coisa.

quinta-feira, 14 de agosto de 2008

Bem vindo à casa de bonecas.






Aprendi a amar as pessoas. Amar a todas as pessoas... as vezes penso que o amor que existe em mim é tão grande que mal posso suportar. Me deixa triste que essas pessoas que tanto amo construam em volta de sí próprias paredes de vidro impenetráveis. Do alto de suas torres de marfim, por um medinho ridículo de deixar-se corromper pelo amor, ou ainda, por medo de mostrarem que não têm nada, que são vazias. Zumbis que Fingem se importar, fingem fazer, fazer algo de humano, fingem amar quando na verdade apenas querem "ter" e o ter não é amar o ter é não dividir, não se importar. É realmente constrangedor quando se tenta partir em padaços esse vidro e somos puxados de volta ao nosso lugar, sentados desconfortavelmente como crianças que fazem arte, como quem esbarra numa prateleira de uma loja de cristais somos repreendidos por em vão tentar ter uma relação livre com o mundo.
Quero aprender de uma vez por todas que é "necessário estudar a natureza dos outros antes de dar livre curso a nossa". Quero saber que as pessoas podem ser más.
Talvez eu esteja sendo um pouco drástico demais, um pouco humano demais, um pouco cretino demais. Mas na atual "sociedade contemporânea" não há lugar para o conjunto, não há lugar para o amor. As pessoas construiram ilhas ao seu redor. E até PSEUDO artistas, que se dizem intelectuais por fomação, acreditando piamente que têm uma visão maior do mundo por estarem "à margem da civilização", não fazem mais do que manter um status ou mesmo manter as aparências fingindo se importar com o que nem sabem que existe, com o que só ouviram falar.Mantendo-se à par de tudo.
Eu não quero mais amar! Eu não quero mais sentir dor pelo outro, sentir tristeza pelo outro. Quero devolver o dom que recebi de me pôr no lugar dos outros. Quero não ser tão íntimo, não achar que já sou de casa, não fechar mais a geladeira com o pé. Só quero que "essas pessoas da sala de jantar" se ocupem de nascer e morrer sem mim. Porque no fim tudo párece ser de mentira. No fim tudo é calculado, tudo é contido, regulado, analizado. Para tudo deve-se fazer um prévio estudo. Antes de falar, de perguntar, de levantar, de olhar. É como se estivéssimos num grande "Show de Truman" ou em um grande palco onde TODOS querem ser os 1ºs atores e por isso se acotovelam na fila. Fico sem saber o que é verdade, se existe verdade, se existe algo de real. Porque para mim, estamos vivendo numa casa de bonecas. Não devemos comer, dormir, sentir e onde os nossos móveis de plástico nunca envelhecem, assim como nossos olhos de vidro, nossos cabelos de fibra, nossas roupas de nilon e nosso corpinho de silicone. Bem vindo ao mundo do faz-de-conta.

sexta-feira, 8 de agosto de 2008

Porque o meu silêncio sempre grita.


























É engraçado como algumas pessoas acabam sempre desviando dos assuntos que as preocupam por medo de enfrentá-los. Descobrimos que prestamos atenção nas pessoas. Que não prestamos atenção em nós mesmos. É tanta coisa pra ver, pra ler, pra sentir que quase sempre optamos pelo mais fácil, pelo mais cômodo. Descobrimos de que deixamos de nos descobrir a algum tempo e que acabamos sempre nos preocupando com coisas que não são tão importantes. Porque se deixarmos a vida sequir seu rumo sem nos interessar-mos no nosso peso; nas nossas rugas; nas pessoas que conhecemos; nos lugares que ainda não fomos, vamos acabar por não nos preocupando com a gordura porque ela não vai existir e vamos acabar nos lugares em que sempre desejamos.
Descobre-se, alguns tarde demais, que vícios servem apenas para nos distrair do que é imprescindível. E há quem termine por se distrair do mundo.
Mas as melhores coisas se descobre com as pequenas experiências; acabamos ouvindo sozinhos, no fim do dia, de madrugada, bem nequela confortável solidão pós-banho que o silêncio não é ruim, que ele acalma. Porque ele já não está sozinho, ele agora tem uma companhia: as batidas do seu coração.
Fico imaginando dentro de mim, se a fumaça que ainda resta nos pulmões serviria para fechar os meus ouvidos de verdades que preferia não ouvir, de palavras que preferia não falar. E se a fumaça fechasse os meus olhos para não ver que o silência em mim gritava e queria sair. E lembro que a verdade é sempre desaforada.
E é nessa solidão pós-banho que vejo que a tranquilidade que se escondia agora está fora, mas ainda mantém a serenidade interna. Porque o meu silêncio sempre grita.

sexta-feira, 1 de agosto de 2008

Feliz promessas antigas.











O 1º dia de agosto. Acordei meio em cima da hora, ou seja, não no horário pretendido. Liguei o computador e fui instigado e ver o horóscopo que começou assim: Clima de instablidade abre o mês. Puta que pariu, mais instabilidade!! Bom, depois de recuperar a consciência percebi que estava revigorado. Como aconteceu no mês anterior acordei nesse primeiro dia com empolgação nova.
Já passamos da 1ª metado de ano e agora em diante é só ladeira à baixo. As coisas agora tendem a ter uma velocidade maior do que normalmente. Daqui a pouco já é feriado da independência, Dia da padroeira do País, proclamação da república e pronto. Natal. Mais um ano em que as pessoas vão correr enlouquecidamente para os shoppings, lojas, no anceio de cumprir uma obrigação idiota de dar presentes a quem se ama, ou a quem se quer parecer que ama, ou pra qualquer pessoa que faça parte do seu círculo de amizades, conhecidos ou familiares. E daqui a pouco vai chegar aquele momento em que escolheremos roupas novas das cores nas vibrações que desejamos alcançar no próximo anos -na maioria branca por que está na moda- , que estaremos todos cercados por aqueles que amamos olhando para o céu, vendo os fogos de artifício e desejando feliz ano novo, pulando ondinhas ou jogando uvas para trás!!
Mas o ponto em que eu quero chegar é que temos mais exatos quatro meses. Quatro meses para cumprir aquelas promessas que fizemos no ano novo. Apromessa de perder uns quilinhos, de guardar um dinheiro, de arranjar um namorado(a), de parar de fumar. As promessas que nos fazemos na esperança de sermos- ao que nos parece- seres humanos melhores. Basta por um pouco de persistência, força de vontade e trabalho duro. Ainda dá tempo... é só focar bem naquilo que se deseja. E se no dia 31 de Dezembro você não conseguir, paciência. Tem outro ano inteirinho pra você prometer tudo de novo- e pelo amor de Deus- conseguir . Por que você não vai poder adiar eternamente as coisas que já devia ter feito ontem!!! Feliz ano novo.