quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Sempre Grotesco

Numa tentativa frustrada de ser/parecer poético descobri que a poética romântica está nas palavras que não são ditas. Esta nos gestos que, por menores que sejam, são executados com maestria.
Descobri que o patético pode ser,e é geralmente muito poético. E acaba por se transformar no decorrer dos muitos caminhos de sentimentos e emoções em algo artístico, belo. O patético está ligado àquilo que nós tentamos desesperadamente esconder, talvez de nós mesmos e verdade. Uma verdade suja e nojenta, aquilo que nos forma enquanto seres. Tentamos nos livar dela com a esperança de sermos melhores e acabamos negando uma parte especificamente linda, que só o grotesco pode nos oferecer.
Enquanto seres que escondem-se nas sombras, nosso dever é deixar guardado tudo que de ruim temos. Manter distante dos olhares curiosos: nossos medos, fantasias, desejos, afetos, imundices.
Descobri que a felicidade não está em quanto vc ganha ou quanto perde. Está em passar uma tarde de dezembro com algum amigo catando os pedaços de estrelas que caíram do céu, contando segredos, que geralmente só se pode confiar a um único. Tirando o passado do armário reformando as partes feias e deixando tudo mais branco para ser sujo novamente.
Hoje, e somente hoje descobri que podemos e devemos ser intensos.
Somos todos seres vis, grotescos, asquerosos. O mínimo que devemos fazer é tentar fazer desse grotesco o melhor possível tornando-o belo, mas sempre grotesco.

2 comentários:

Barba Ruiva disse...

A nossa beleza pode ser grotesca para outrém.Ou vice-versa.

Barba Ruiva disse...

Quem ama o feio,bonito lhe parece. Mais ou menos assim conosco e nossas belas coisas feitas no decorrer do tempo.
Abs