quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Os vagões cheios de nada.


"Então, deveria ter deixado claro que as coisas que são vâs devem permanecer como tais. Caso contrário, as coisas cheias de significados deixam de tê-los. Se o que for vão passar a ser cheio de conteúdo então não existiriam coisas vãs.
Parece uma afirmação meio lógica, um tanto óbvia. Mas não. Não acredito que existam coisas vãs, inúteis. Acredito que por mais sem sentido que algum acontecimento ou palavra ou ação ou emoção possa parecer na verdade está cheio de significados intrínsecos e verdadeiros. "
Não posso negar que inúmeras vezes ele fez das coisas vãs suas melhores aliadas. Mas o que vemos acima talvez não sejam suas palavras. Talvez sejam palavras que lhe ditaram à orelha. Talves sejam palavras que lhe sopraram aos ouvidos numa noite qualquer de agosto. E ele tem a necessidade de transmití-las. Seja como for, sua mania em ser verborágico o assusta. Ele acredita que de todas as palavras que profere mais da metade sejam vagas e fiquem entre o certo e o duvidoso. Ele teme a verboragia, como teme os vagões cheio de nada. Teme ficar no vão enquanto essas vagões passam por cima.
Esses vagões cheios de nada o assustam, mas não impedem-no de continuar a viagem. Não o deixam esmorecer, nem perder o fôlego. Por vezes deixa cair algo ou alguém que não tem a obrigação ou mesmo vontade de sentar-se junto dele na janela e aproveitar o passeio. Ele deixa que as coisas partam e voltem e partam novamente. Porque é assim que se vê: sem necessidade de aprisionar. Nem de ser aprisionado, salvo quando deseja.
Me disse isso sob o efeito de alcóol, e foi-se. Como quem veio do nada e para o nada vai. e Agora...
agora ele deve estar dormindo até as duas da tarde, porque ou ficou lendo até tarde, ou ficou assistindo a algum filme, ou saiu com os amigos, ou esteve em uma baladinha de drink's e cigarros até as cinco da matina. Que o sono seja dos justos. Deixem-no dormir.

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