Voltava abaixo de um sol escaldante que parecia lhe queimar a cabeça e a alma, se é que depois de toda aquela noite ainda possuía alguma. No ónibus que cheirava a aço quente e perfumes baratos de todas as qualidades; apenas um odor sobressaía. O Odor de um perfume caro que tinha agora em seu pulso. Pulso. No momento seu pulso estava pulsando de maneira a que -se ele quisesse- poderia contar na própria jugular os batimentos cardiacos. Mas no momento ele se contentava em tentar não ouvir os funk's que vinham um grupo de garotos que ouviam músicas em alto e bom som em um celular brigando os demais passageiros a degustar o bom gosto. E a viagem parecia não acabar nunca. Lá dentro sentia-se como intocável, e apesar de desejar se sentir invisível sabia muito bem que não podia passar despercebinamente por alguém normal. Não estava com cara de4 alguém normal. Pupilas dilatadas, e olhos semicerrados. Cara de ontem, cara de quem precisa desesperadamente de um banho e um bom sono para abrandar seu coração leviano. Sim ele tinha um coração leviano. Porque por ventura foram levianos com o seu e achou que seria uma forma de proteção ser com o dos outros também. Maesmo sabendo que no fundo não era. Gostaria de ter o dom de ser, intovável e inatingível. E naquele exato momento acabou por se tornar.
Passou a semana imaginando e tentando descobrir porque fazia as coisas que fazia e quando fazia. Não conseguira perceber que o real motivo de fazer as coisas erradas eram pelas razões certas. Porque se ele se jogava na balada, se perdia nos corpos e nas bocas e narizes de pessoas conhecidas; ou não; era porque ele tinha perdido um pedaço de sí. Apesar de não saber de qual pedaço se tratava ele continuaria por algum tempo ainda a sentir falta de tal parte tão sua e tão INsignificante.
Sobre o pedaço.
Era quase como um pedaço de carne crua e suada um pedaço de gente talvez. Uma metade de nada. Ou uma peça inteira de qualquer coisa que não sabe o que é ou não quer ver. Porque no momento ele pensava em uma maneira de achar dentro de sí a peça que faltava. Sim, ele acreditava no duplo e talvez no múltiplo sentido das coisas. Não que desejasse achar uma explicação para tudo, porque tentar explicar tudo é uma e, talvez a maior de todas as formas de idiotice. Mas ele acreditava que as coisas assim como as ações e acontecimentos tinham uma ligação direta e influenciariam as posteriores. E sempre acabavam por.
A parte que perdera de sí talvez estivesse consigo mesmo. Talvez alguém tivesse lhe roubado. Mas ele sabe. Ele sabe muito bem como encontrar, só precisa se decidir por se dar uma chance. Precisa agora descer desse ônibus de aço fedendo a perfume barato, ir pra sua casa e dormir depois de um longo e demorado banho. Pôr a cabeça no lugar e não falar nada. Não falar. Um dom e uma necessidade tão negligenciada por sí nos ultimos tempos. Tem sido tão verborrágico que nem mesmo consegue pensar. Ele tem se negligenciado a muito tempo e em muitos aspectos. Mas ele continua. ELE finalmente desceu e cumpriu seu chamado ao desconsso decidindo o que fazer. Ele dorme agora. E por mais umas quatro horas. desejando secretamente não acordar. Mas isso é só uma mania que tem de querer fugir das coisas da vida.
segunda-feira, 31 de agosto de 2009
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