quarta-feira, 1 de abril de 2009

Sempre falta alguma coisa.


O festival de Curitiba mostrou-se mais um vez ser apenas uma vitrine abarrotada de espetáculos onde o público, atônito, não sabe o que ver. A partir dessa premissa, tentamos enquanto artistas, filtrar um pouco de qualidade no que diz respeito a espetáculos de teatro.No fringe, grupos de Curitiba, do Brasil e até da América do sul, desdobram-se em esforços, e até mesmo financeiramente desgastam-se para poder mostrar seu trabalho que muitas vezes, por falha do próprio festival que permite a superlotação em nome do retorno financeiro; e falta de divulgação do grupo não tem sequer um espectador na platéia. Enquanto com a platéia quase sempre lotada os espetáculos da mostra Principal cobravam ingressos a preços "bem populares".
Repete-se, como em anos anteriores, a superlotação em espetáculos de humor “fácil” e mau feito. Tristeza. Essa é a palavra que me vem a cabeça quando penso na quantidade de peças interessantes que se perderam por falta de público.
Um fator que me deixou curioso foi a ausência das outras manifestações que pareciam ser propostas pela organização. Onde estava a gastronomia, o cinema, a dança? Parece-me que houve uma perca dos valores culturais, se é que algum dia existiu nesse festival.
Já que estamos falando de um festival puramente comercial, onde não existem espaços para discussão sobre arte, minhas esperanças estavam nos eventos propostos pela organização. Eventos que deveria unir para trocar figurinhas os atores e técnicos, na verdade segregaram a classe artística já que ficavam totalmente fora do coração do festival e por preços absurdos. Resultado: Festas vazias. Os encontros surgiram naturalmente entre os integrantes do fringe.
Positivamente só posso citar a troca que aconteceu assistindo espetáculos de outros países, como Angola e Chile. Linguagens diferentes são sempre bem vindas; pois formam repertório e aguçam a visão de um olhar mais crítico, aberto e respeitador de diferentes tipos de trabalhos. Sempre positiva é a movimentação criada pelo festival na cidade, que bem ou mau sempre possibilitam uma troca interessante entre os artistas locais. Mas como tudo na vida, sempre falta alguma coisa pra ficar perfeito.

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