quinta-feira, 24 de março de 2011

Solidão é lava...

Quando me deito na cama e percebo que to sozinho, que não tem ninguém no mundo pra ficar comigo, que por mais que eu queira eu to sozinho nessa porra de mundo eu tenho uma vontade secreta de nunca mais sair de casa. Mas não dá... porque as contas se acumulam na porta.
Acho que as pessoas que tem noção de como são sozinhas e insignificantes no mundo são aquelas que quando eram crianças eram sempre as últimas a serem escolhidas na educação física, sempre as que lanchavam sozinhas, sempre as que tentavam se encaixar nos grupinhos mais cool’s da escola e em vão terminaram o recreio como começaram, sozinhas.
Por isso que a gente vive nessa porra de cidade fria, com gente fria que mal te cumprimenta e solta, toda manhã, uns grunhidos que talvez devam significar “Bom dia”
Acho que as cidades estão ficando cada vez mais cheias dessas pessoas que grunhem e que por falta de amor, por serem sozinhas popularizam a venda de apartamentos de um quarto.
Não é só o frio, não, é um jeito de encarar as coisas, uma maneira especial de não ser notado. Quando que cheguei aqui, eu só queria ser feliz, só queria achar meu canto, meu espaço trabalhar e ser... não vou dizer que queria ser como todo o resto, não...
Porque... não sejamos hipócritas... todo mundo acha que é o “the one” todo mundo quer ser mais do que qualquer um. Mas quando eu cheguei só queria ser notado, só queria fazer o que eu amo. E eu to falando de amor aqui, eu to falando de algo que a gente sente desde cedo, uma vontade de fazer as pessoas felizes, de ser feliz.
Eu acho que nunca amei, eu acho que eu não sei o que é isso direito. No começo achava que era alguma coisa que a gente sentia muito forte e que doía. E de fato, da primeira vez doeu amar... doía dessa dor que a gente sente que se mistura com euforia e ânsia de ver o outro, dessa coisa adolescente. Mas aí tudo me pareceu sem fundamento e acabou como começou, do nada. Acho que eu não sou capaz, acho que eu devo ter alguma deficiência congênita, porque pelo que eu me lembre, todas as vezes que eu amei foi porque a pessoa me amava. Ou seja eu amava porque o outro me amava, logo, eu amava a mim mesmo.
Sim, isso parece monstruoso. Mas talvez, o amor seja isso mesmo, “se sentir solitário entre a gente” .
Então, fato é que aqui, parece que essa cidade, salvo raras exceções , está cheia de gente sozinha no recreio. Essa cidade está completamente lotada de gente seca, dura e fria porque de tanto ficar sozinha lanchando no recreio ou sendo a última a ser escolhida na educação física aacabou adotando essa conduta... o que? “RESERVADA”?
Fato é que a solidão dói. Fato é que a solidão me deixa comigo e é assustador se ver cara a cara. É sempre mais fácil evitar confrontos. Falei mais fácil, não falei que é a única possiblidade. Tem sempre a necessidade de ser ver de frente.

Um comentário:

Lauro Lins disse...

Roger, todas as propostas para um despistamento do fato dado seria mera simetria olfativa de memórias bruscas, inconvenientes tratados ergométricos de hipóteses tântricas, ora neandertais, ora subjetivas. Qual seria a gênese probabilística calcada na infraestrutura apoteótica de sensibilidade verossímel, porém bulímica? Esse é o mundo subcapaz, inédito para ousadias mínimas e atrevimentos perpendiculares bissextos. Beijos idolatradinhos, você merece o ápice translúcido do nada!